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O Patriota

Primeiro periódico científico e cultural do Rio de Janeiro e do Brasil. Redigido pelo baiano Manuel Ferreira de Araújo Guimarães entre 1813 e 1814, ao mesmo tempo em que este lente da Academia Militar da Corte era também o redator da Gazeta do Rio de Janeiro. Seus objetivos eram agora bem distintos. Pretendia ele mostrar os “úteis trabalhos e interessantíssimas descobertas dos sábios” nacionais e para tanto contava com a colaboração de todos aqueles que tinham algo a dizer nas “ciências, literatura, política, comércio, agricultura, etc”. Estava convencido de que “apodreciam no esquecimento” obras e notícias de grande interesse, que só esperavam por alguém que as coligisse e ordenasse antes de serem transmitidas ao público leitor.

Como ocorria com todas as publicações da época, o redator contava com as subscrições para a sobrevivência financeira do periódico, mas apenas conseguiu fazer três assinaturas, terminando seu trabalho em 1814. Só mais tarde, em 1819, resolveu imprimir um índice sistemático das matérias contidas nos 18 números de O Patriota, certamente para tentar vender ainda algumas coleções completas do jornal, e também alguns números avulsos. Como não se tratava de um periódico noticioso, seu conteúdo permanecia relevante. E na verdade seus colaboradores, como Manuel Arruda da Câmara, Domingos Borges de Barros, Silvestre Pinheiro Ferreira, e tantos outros, abordaram os mais variados temas, sobretudo nas ciências e nas artes, ou seja, na linguagem da época, nas técnicas. O propósito de Araújo Guimarães com este empreendimento editorial era dar a conhecer “este continente tão ignorado”, ou, o que era ainda pior, “tão desfigurado” por aqueles que, eivados de preconceitos, tinham escrito apressadamente sobre ele.

Em seu papel de redator, além de angariar e selecionar os textos dos colaboradores, Araújo Guimarães divulgava as obras que saíam dos prelos da Impressão Régia do Rio de Janeiro, e suas notas continham um resumo acompanhado de elogios mais ou menos eloquentes. Com uma única exceção. A maneira como criticou O juramento dos numes, drama escrito por D. Gastão Fausto da Câmara para ser representado na inauguração do Real Teatro de São João, deu origem a uma polêmica com o autor, a única ocorrida no pacato ambiente intelectual carioca antes das polêmicas políticas de 1821. (Maria Beatriz Nizza da Silva/Universidade de São Paulo)