Transferência da IN para Brasília - Transferência da IN para Brasília - Dicionário Eletrônico
Transferência da IN para Brasília
Juscelino Kubitschek assumiu a PR em 1956. Logo assina a Lei nº 2.874, de 18 de abril daquele ano, com a inclusão do nome de Brasília e a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). A epopeia desenrolou-se em meio à divisão que marcou a sociedade brasileira durante o governo JK: de um lado, os que acreditavam, eram a favor ou se empenhavam para viabilizar a transferência da capital; de outro, os que duvidavam, opunham-se ou boicotavam o projeto. A oposição e quase toda a imprensa criticaram duramente o antigo presidente.
Dificuldades semelhantes aconteceram em relação à mudança da IN do Rio de Janeiro para Brasília. Poucas autoridades e nem a imprensa acreditavam na transferência. Na tribuna da Câmara dos Deputados, um parlamentar gritou “Não existirá Imprensa Nacional nem existirá 21 de abril”. Outro deputado opositor à transferência, perguntou, na IN a um servidor, a alguns metros da rotativa Marinoni, se “são esses ferros-velhos que vão rodar o Diário Oficial em Brasília?” A maioria da opinião pública não acreditava na determinação, esforço e ousadia do presidente Kubitschek, para quem era imprescindível a impressão do DO em Brasília, com todos os atos assinados no dia da inauguração da nova capital. Ele contava com um aliado de sua estirpe e muito experiente: Alberto Sá Souza de Britto Pereira, Diretor-Geral da Imprensa Nacional.
Em 13 de maio de 1958 tudo ficou decidido. JK participou das comemorações no sesquicentenário da Imprensa Nacional, na Avenida Rodrigues Alves, nº 1, Centro do Rio. O presidente conversou cerca de uma hora com Britto Pereira, tempo suficiente para definir os detalhes da concretização da transferência. O Diretor-Geral da IN toparia ainda outro desafio diante da descrença reinante. Apostou com o deputado federal José Bonifácio Lafayette de Andrada que o DO rodaria no dia 21 de abril de 1960, em Brasília. Uma camisa contra uma gravata. José Bonifácio perdeu. Já em Brasília, o deputado recebeu em casa, nos primeiros meses, o exemplar do DO rodado na impressora Marinoni, encaminhado em mãos por Britto Pereira.
Vencer esse desafio não foi nada fácil. Além da oposição de boa parte da opinião pública e das dificuldades impostas por adversários, Britto Pereira teve que superar obstáculos logísticos e geográficos, tais como desmontar e transportar a impressora Marinoni do Rio de Janeiro para Brasília, numa época em que não havia estradas diretas entre as duas capitais. Foi preciso levar tudo em cinco caminhões para São Paulo, de lá para Goiânia e, só então, trazê-la para Brasília, numa viagem de 45 dias. Em cada caminhão, um mecânico de impressora para garantir a integridade do equipamento.
O terreno destinado ao órgão ficava onde hoje é a cidade de Taguatinga. Naquela época, porém, a área era um completo matagal acessível somente por uma estrada de terra. Britto Pereira, então, convenceu JK a solicitar que Lúcio Costa criasse o Setor de Indústrias Gráficas, inexistente no projeto original, sob o argumento de que a IN deveria ficar próxima das sedes dos poderes por uma questão de celeridade no transporte dos atos oficiais a serem publicados.